30 de março de 2011

Censos 2011 - Tenham medo. Muito medo!

Eu até que sou uma boa cidadã. Fora embirrar com os "picas", até faço tudo razoavelmente: exerço o meu direito de voto, atravesso nas passadeiras, não parto vidros, não deito lixo no chão, encosto-me à direita nas escadas rolantes, ajudo velhinhos a atravessar a rua se for preciso e até indico direcções a estrangeiros com um sorriso. Cidadã comum, já para não dizer exemplar!
Foi então que eles chegaram. Os censos. Propaganda enganosa, mas apelativa: meteram a Torre de Belém e tudo! Não se brinca com a Torre de Belém! É um dos meus monumentos preferidos, é claro que vou cair nas malhas enganosas!
Quando a senhora dos censos bateu à porta (rapariguita, vá...) fui até toda simpática, convidei-a a entrar (recusou), desculpei-a por se ter esquecido de nós (enfim) e até aceitei os códigos para fazer pela Internet, para lhe poupar trabalho. Não imaginava o que se seguiria. E que raio é aquilo do: "Responda preferencialmente dia 21 de Março"? Apesar de só ter recebido os códigos dia 18, e apesar de para mim as segundas serem um dia complicado, às 22h do dia 21 lá estava eu, boa cidadã, pronta para preencher os questionários. E aquilo não me deixa. Depois de 45 minutos para responder a quatro perguntas, desisti e decidi ir fazendo aos bocadinhos todos os dias, no meio de transpiração, rezas e frustrações.
Hoje de manhã (sim, e ainda só ia a 42%) decidi cumprir a pena diária, já irritada, claro, aquilo é uma seca, quando me pedem para mudar a palavra passe. E eu mudo, afinal asseguraram que era para minha segurança. E não é que perco tudo o que já tinha guardado?! Calma Ana, respira fundo, só podes estar a ver mal. Não, estava mesmo lá só o botãozinho para Iniciar. Foi então que mandei à fava o cidadanismo e decidi que se aquilo estivesse lento como o costume queimava os papéis numa fogueira de vodu (isto existe?) e depois  eles que se amanhassem, viessem-me prender, fizessem o que entendessem, que eu tenho mais que fazer. Mas não, o grande PC do Estado ou do INE ou lá do que seja deve ter-se assustado e lá me deixou fazer aquilo (as fogueiras de vodu são, de facto, assustadoras) e foi num instante que cheguei a uns vitoriosos 81%. Há bocadinho acabei o restante e foi com uma sensação de dever cumprido que cliquei no Enviar (e guardei os fósforos e as acendalhas).
Não me apanham noutra. Espero que em 2021 seja um bocadinho melhor. Tenho dez anos para me preparar...

26 de março de 2011

Primos, filmes de animação e crise de meia idade - sou bastante precoce, eu sei!


Nos últimos tempos cheguei à conclusão que esta coisa de evelhecer também me acontece a  mim. Não envelhecer e ficar velha, mas ir crescendo. Já não era demasiado chocante descobrir isso, quando descubro que o mesmo acontece às outras pessoas! Não se faz!
Mais propriamente os meus primos. Os pequeninos! Estou a descobrir aos poucos que os "miúdos" da minha tribo já são cada vez menos "miúdos" e que não tarda nada tornam-se adolescentes rabugentos e borbulhosos, que choram por tudo e por nada - ok, isto já vai acontecendo, é melhor preparar-me para os próximos anos...
À parte das borbulhas, dos choros e das crises existenciais, a juntar aos namoricos e restante conversa da treta que eu adoro ouvir das bocas deles, a coisa começa a preocupar-me. Eu não estou a acompanhar o ritmo! Qualquer dia, os miúdos tornam-se mais crescidos que eu, e não é fisicamente, que isso pelo menos um espécime já é (o que não lhe impede de vir de vez em quando para o meu colinho, não mais que alguns segundos de uma vez, não vá alguém ver e lá se vai a reputação de pré-adolescente borbulhoso e independente, que toda a gente sabe que ele não é). Reparei nisso conscientemente no dia de Carnaval (inconscientemente já ia reparando á algum tempo). Mascarámos para fazer o jeito aos miúdos (seria?!) e eles aparecem vestidos à civil e pasam a tarde a ver videos no youtube. Apesar de mascarada da Madrasta da Branca de Neve, não me queria sentir destronada como tal... Antigamente fazíamos desenhos (tenho ainda um meu no Oceanário, de costas, a ver os peixinhos). Houve uma vez que até fizémos um comboio da reciclagem! (eu sei, eu sei, pareço uma velha autêntica).
Mas uma importante questão se põe: e agora, que desculpa vou arranjar para ir ao cinema ver filmes de animação? Quando irei ver o Gnomeu e Julieta??? Em tempos idos (sinf!) podia raptar um puto ou dois, revirava os olhos e fazia o teatro do "Vamos ao cinema com o miúdo!", e lá ía-mos ver um filme de animação que estivesse na barra - apesar de a minha mãe ter adormecido a ver o Shrek, O Terceiro, e eu ter tido uma má experiência com o Wal-e ou lá como se chamava o bicho (aí quem ia adormecendo era eu), posso dizer que o balanço era positivo. Pipocas, filmes de animação, miúdos, olhares solidários dos outros pais ("Pois, cá estamos, mais um filme, que sacrificio", pensavam eles).
Olhem, sabem que mais, três ou quatro leitores do meu blogue: que se lixe. Eles crescem, eu não. Tenho de aceitar isso. Ainda não estou preparada para crescer! Ainda não chegou o meu momento. Não sei quando acontecerá (imagino-me perfeitamente mascarada aos 80 anos, e a ver filmes de animação super divertida), mas se não chegar, paciência. Mania que o ser humano tem de querer ser sério.
Lembrei-me agora que uma vez um senhor foi, num dia de Carnaval, mascarado de Drag Queen (é assim que se escreve?) ao ex-Café da minha mãe, sozinho e sem vergonhas de ainda não ter crescido. Apesar dos seus trinta e tais, quarentas. O mesmo pode acontecer comigo (à parte a Drag Queen).
Crescer não tem de ser obrigatório!
P.S. Amanhã, apesar de tudo, de certeza que vou jogar na Wii com o miúdo do meu tamanho, vulgo primo David, e jogar (e fazer batota) no Monopólio ou no jogo das Caravelas, e discutir-mos que nem uns possessos porque a Grande Muralha da China era para mim. Que isto do crescer também é só quando lhes convém...

23 de março de 2011

Hummmm! Que cheirinho!



Todos nós temos um sentido mais apurado que se sobrepõe a todos os outros. No meu caso, a visão não é de certeza (fui hoje buscar os meus novos óculos... como tudo ficou nítido de repente!), o tacto não consigo avaliar, a audição nem pensar (- Ana... ANA! És surda?!... - Ah?!...O quê?!...), o paladar é um bom concorrente, mas nada ganha o olfacto!
Desde pequenina, quando subia as escadas da casa da minha avó à hora de almoço adivinhava sempre o que era o petisco, até chateava; as palavras "Puf! Cheira mal!" estava sempre na minha boca à mínima aragem fedorenta; não havia flor que eu não cheirasse.
Apesar de ser péssima a decorar caras, ao ponto de desconfiar que devo ter um bocadinho de agnosia (é pouco provável, pareço é aqueles estudantes de medicina que acham que têm as doenças todas. Psicologia não está imune...) sou óptima a decorar cheiros. Isto é esquisito e pouca gente sabe (agora acabei de o revelar ao mundo, mas há coisas piores...) mas às vezes sei que conheço a pessoa, não pela cara, que essa até pode não me dizer nada, mas porque o cheirinho dela é-me familiar. Um pouco canídeo, confesso.
Por essa razão, e apesar de adorar pessoas que cheirem bem (como escrevi uma vez num trabalho - e sim, tive boa nota, sabe Deus como...) não consigo arranjar perfumes para mim. Arranjei um, da Zara, tierna peonia, ou tendre peonia, já não sei se estava em espanhol ou francês, mas que devia ser edição limitada, nunca mais o vi à venda (já agora, se alguém souber diga-me, ou então faço anos no dia que toda a gente sabe, passo a vida a pedir prendas neste blogue).
Mas os senãos não param aqui. Como sou extraordináriamanete alta, o meu nariz chega ao sovaco do médio português, o que com os comboios a serem suprimidos a toda a hora não é lá muito agradável.
Mas tem coisas boas, muito reconfortantes. Ontem estava a subir as escadas para o comboio, quando senti um cheirinho mesmo daqueles "Hummmm!" - o cheirinho da terra molhada depois de uma chuvada de verão. Não podia ser, estava sol ainda antes de me enfiar no metro. Mas era mesmo chuva, e se tivesse parado por ali tinha gostado dela...
Para além da terra molhada, acho muitos cheirinhos reconfortantes:o cheiro do pão cozido num forno a lenha, o cheiro do chocolate, o cheiro dos bebés depois de tomarem banho, o cheiro a relva, o cheiro das mimosas quando me apanha de surpresa. E depois, o cheiro das pessoas de quem gosto: o cheiro a talco e a jasmin da minha bisavó, do perfume forte e dos cremes da minha avó, do sabonete da minha irmã, do cheiro do cheiro da minha mãe. E perfumes masculinos, adoro perfumes masculinos. Porque será que os das mulheres são todos florais e frutados? Por serem mais sensíveis e delicadas? E sabe tão bem passar por um homem que cheire bem. Às vezes os das mulheres até dão vontade de vomitar, de tão enjoativos, mas adiante que a conversa já se está a tornar esquisita e tenho de manter a minha reputação de pessoa (minimamente) mentalmente saudável.
O perfume de alguém é uma coisa que perdura para sempre, mesmo quando essa pessoa está longe ou nos deixa. Quando era pequena e morreu o meu avô, durante muito tempo ia à casa de banho cheirar o seu frasco do  perfume (ok, ainda faço isso às vezes), e já me aconteceu ser assolada por uma saudade repentina ao encontrar o casaco de alguém que está longe e sentir o seu perfume. Acontece a todos, não? Mesmo aos mais entupidos nasalmente...
Tenho de parar com conversas parvas e arranjar um perfume só para mim!

14 de março de 2011

Carnaval!

















O post já vem com o atraso de uma semana, mas Carnaval é quando um  homem quiser, e o mesmo se aplica para se falar dele.
Deliro com o Carnaval. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que me mascarei, tinha 4 anos. A minha mãe perguntou-nos se nos queríamos mascarar e nós respondemos logo que não, como fazíamos com tudo o que era novo e não percebíamos. Ela não insistiu muito, não acha piada nenhuma a estas coisas. Nas vésperas de Carnaval é que começámos a berrar, que nos queríamos mascarar, e porque não sabíamos que era assim, queríamos estar igual a toda a gente blá blá blá e ela coitada lá desenrascou uma india e uma dançarina de flamenco (vulgo espanhola). E a partir daí nunca mais parou.
O que é estranho é que na minha família ninguém liga importância ao Carnaval, excepção feita à minha avó e a mim. Já me mascarei de tudo e mais alguma coisa: Minnie, Mulher do Drácula (Draculina), Noivo (fiz par com a Alexandra - e ainda hoje não sei como a convenci), princesa com varicela (a varicela não era máscara), Dama Antiga, Maria da Fonte, Natacha Roxane Gagarin (uma longa história)... enfim. Este ano, foi a vez de Noiva Cadáver. Com o vestido da minha mãe, lábios pretos e umas olheiras pintadas à pressa (aliás, tudo nesta máscara foi à pressa). Para segunda-feira à noite (isto foi só festas), para não ir igual, levei uma antiga máscara de princesa medieval (há coisas boas em não se crescer desde os 11 anos), uma coroa colada com fita adesiva (mal cheguei a casa, parti-a), maquilhagem assustadora, uma cesta de maçãs e de repente era a Bruxa Má da Branca de Neve, uma personagem que sempre me fascinou. Pena não ter arranjado nenhum espelho de mão, de preferência falador...
Por enquanto, ainda não fico (demasiado) ridícula mascarada. Apesar de haver momentos constragedores - como o miúdo que só conseguiu passar por mim ao colo do pai (e a chorar) e mascararmo-nos porque os meus primos vinham passar a tarde connosco e era giro estarmos mascaradas também e os miúdos acabarem por vir à civil. Esta juventude já não é o que era! O que será que fazem às criancinhas de hoje em dia?!
Acho que não imagino um Carnaval sem estar mascarada. Não consigo. Acho que vou ter 80 anos e ainda vou andar por aí de bochechas pintadas e vestimentas duvidosas nesta altura do ano. Ou então pode ser que acabe por me fartar, ou ficar chata, ou então ganhar vergonha na cara. Os milagres acontecem... 
Por enquanto, vão ter de me aturar cá em casa. Já estou a engrendrar a vestimenta do ano que vem...