2 de maio de 2014

Taizé


Foto-reportagem aqui.

10 de abril de 2014

Quaresma











Oração da Quaresma com os miúdos da catequese. 

Para quem ainda acha que se tem de aprender a rezar ou que rezar com crianças é debitar orações decoradas. Ou que é coisa reservada a adultos, para a qual as crianças não têm capacidade ou que devem ser preparadas (como se falar com Deus exigisse um curso intensivo, um mestrado e um doutoramento...). 

Como se falar com Deus fosse uma coisa séria, e coisas sérias e crianças, já se sabe, não combinam.

Nota: Isto não se transformou num blogue católico. Depois da Quaresma, regresso à normalidade.
(Ou não!)

8 de abril de 2014

Lista do essencial para Taizé - Easter 2014


Sábado que vem, se tudo correr como previsto, sigo para Taizé novamente! 
As saudades que eu tenho das orações, do puré de batata, do convívio com jovens de todo o mundo, do meu inglês hesitante, do francês desesperado e do portunhol bem intencionado. Tenho saudades do chocolate no pão ao pequeno-almoço, de tentar acompanhar os contraltos nas orações,  do lago do silêncio onde invariavelmente não consigo estar calada, do laranja da igreja, dos beliches sem proteção, das guitarras no Oyak, do queijo aos triângulos da refeição "no meat". Dos amigos que fiz lá (e que vou encontrar este ano!), de me encontrar com Deus e recarregar baterias.


Sou uma pessoa de listas, por isto esta lista será apenas para mim. Para mim e, talvez, para quem vá a Taizé pela primeira vez na semana Santa e que caia por acaso de pára-quedas neste cantinho que é o meu blogue. Mas servirá, sobretudo, de recordação! 

A minha refeição favorita em Taizé - puré de batata e especiarias e salame (aqui não vou ao no meat...)

Portanto, cá vai a lista do essencial para Taizé, na Semana Santa, e para quem fique numa camarata (aquecida, iei!).

Taizé fica longe para camano
Mochila (para levar no autocarro, na viagem de cerca de 24h para quem segue de Lisboa):

  • Cervical fofinha (nada daquelas insufláveis!)
  • Casaco
  • Manta/cobertor
  • Bolsa de higiene 1 (escova de dentes+pasta+escova cabelo+o que vos fizer falta durante 24h, que isto ser menina tem os seus quês)
  • Livros, mp3, cartas para jogar - 24h é muuuito tempo.
  • Lenços de papel (se forem ranhosos como eu)
  • Máquina fotográfica
  • Carteira (com os documentos - não esquecer o cartão europeu de saúde! - e algum dinheiro)
  • Telemóvel
  • Máquina fotográfica
  • Comida: sandes, bolachas, sumos, água, fruta. Eu irei levar sandes, água, fruta fresca, chips de maçã seca, cenouras aos palitos, bolachas caseiras e trufas crudíveras. Às tantas ainda me dá para fazer um bolo, ou muffins. Não sei. Andar de autocarro dá-me fome.
  • Sacos de plástico
  • Estojo com canetas e bloco de notas (vou tentar - tentar! Não prometo nada... - manter um registo diário dos meus dias em Taizé, pois foi uma coisa que tive pena de não ter feito em 2010 nem o ano passado, em Roma). 
Mala 

  • Canivete - o must have em Taizé! O básico da sobrevivência. Se for daqueles com mini garfinhinho, melhor ainda. 
  • Gabardine - em Taizé chove todos os dias!
  • Saco-cama
  • Almofada
  • Casaco extra (vou levar um fino e outro mais quente)
  • Bolsa de higiene 2 (com produtos de banho: gel de banho, shampô, amaciador, chinelos)
  • Agenda com moradas (para enviarem postais de Taizé aos vossos amigos - ok, sou só eu que gosta de fazer isto?!)
  • Enlatados (para a viagem da volta)
  • Comprimidos (para o caso de ficarem doentes terem assim um ibuprofeno e/ou paracetamol à mão. Eu ainda levo os das artroses, para a minha bursite do joelho...)
  • Toalha de banho - de preferencia, daquelas fininhas que secam instantaneamente (comprei a minha na Decatlon)
  • Carregadores - da máquina fotográfica e do telemóvel
  • Sacos de plástico - nunca são demais, acreditem.
  • Roupa - claro, né... Aqui a palavra de ordem é o minimalismo. No meu caso, o minimalismo é: um par de meias e um par de cuecas para cada dia (mais um suplente - não sei porquê, mas em meias e cuecas levo sempre um par suplente!), dois pares de calças (sendo que uma delas vai vestida), camisolas interiores (uma para cada dia), 3 pares de leggings, uma camisola fina para cada dia, dois blusões/camisolas mais grossas. Ainda vou ponderar se levo as minhas jardineiras ou não (entretanto diminuí dois números, mas não há-de ser nada). Levem calçados umas botas que sirvam para a chuva. Levem também cachecol e gorro, que isto nunca se sabe.
  • TAMPÕES PARA OS OUVIDOS. Juro que se me esquecer deles (como aconteceu em Roma) entro em depressão profunda. O meu sono é de princesa, basta um ressonar levezinho para já ficar avariada (em contrapartida, pessoas a conversar, música, barulho do trânsito, passaros e afins até serve de embalo).
E pronto, é basicamente isto! Se souberem tocar um instrumento, tipo guitarra, pífaro, ferrinhos, o que for não se inibam de levar também - vão ser a alma da festa. 

Coisas que precisam levar mas que não cabem na mala: boa disposição, espírito prático (o desenrascanso, sabem?), descontração, predisposição para a reflexão (Taizé não é Erasmus!), vontade de comunicar. E isto não significa falar fluentemente três linguas - nem o inglês é estritamente necessário. Eu em 2010 era uma naba ainda maior que agora com o inglês e falei com toda a gente...


Espero que tenham gostado e que, quem sabe, tenha sido útil para alguém! Se for o caso de teres vindo cá parar por acaso e estares também a preparar-te para a semana Santa em Taizé, não hesites em procurar-me. Sou a da gabardine amarela, tipo capitão Pescanova. Não há como errar!
Tipo assim, mas sem o chapéu.

Nota: Imagens todas retiradas do google

24 de março de 2014

Alfama, uma história do Fado


Estava numa aula aborrecida quando decidi ir à procura de espectáculos baratos para assistir no fim-de-semana. Foi assim que dei de caras na ticketline com Alfama, uma História de Fado. Era 10 euros, na Malaposta, sábado a noite, parecia-me bem! Fado ao vivo, bailarinas, fado antigo, fado moderno. Glup. Tenho sempre medo da "modernização" destas coisas, mas lá decidi ir e arrastar a minha mãe comigo (digam o que disserem, saídas sozinha não tem tanta piada!).

Fácil de amar confirma-se, mas difícil de encontrar também! Esta é uma piada privada entre eu, a minha irmã e uma amiga, com origem nos Santos Populares do ano passado...
Ia completamente sem expectativas e o início parecia que ia ser uma chachada, com a bailarina a abanar-se (ok, estou a ser injusta com a rapariga, que dançava bem) e fado em pano de fundo, ainda por cima à capela (as guitarras são para mim tão essenciais ao fado como, sei lá, o dia à noite, os figos às nozes, os anéis aos dedos...) mas a minha opinião mudou rapidamente quando vi que aquilo era só a parte introdutória e que, de facto, ia haver uma história por trás!

Aqui está uma das bailarinas. Costumam ser duas, mas ontem esteve só uma, a outra estava doente.
Foi um espéctaculo divertido, ligeiro, com muita variedade de fados (e com alguns dos meus fados preferidos) e boas vozes! Faltava ali era uma voz masculina, mas para mim, que prefiro quase sempre fados cantados por mulheres (talvez para depois ser mais fácil "adaptá-los" quando canto no duche eheh) não me importei muito. 

Não percebi porque ao início esta rapariga estava vestida com um vestido de inspiração chinesa... Felizmente, depois mudou de roupa e transformou-se na Gracinha!
Óptimo serão de sábado à noite. E para além de que sabe sempre bem sair com a mãe, durante a semana estamos muito pouco tempo juntas (que raio de vida é esta, moramos todos na mesma casa e vemos-nos tão pouco). Ela não gosta tanto de fado como eu, mas penso que não passou um frete.


E claro, também deu para conhecer alguns fados que não conhecia, como este Fado da Sina da Hermínia Silva. Fui pesquisar no youtube e encontrei-o interpretado por uma rapariga muito nova que não conhecia, a Mara Pedro, e fiquei fã! Cá vai então o Fado da Sina, pela Mara Pedro :) 


Mais outro a juntar-se ao meu reportório do duche... qualquer dia, os vizinhos mandam-me prender!

20 de março de 2014

... ainda sobre o mesmo assunto, nem de propósito

o que eu encontrei no facebook:


Chumbo da coadoção



Era para ter escrito este texto a semana passada, no próprio dia em que a coisa se deu e cheguei a escrever um texto irritadíssimo, a apelar à revolta, a foices, a tendas frente à assembleia da república, coisas assim. Mas depois o computador encravou, houve um problema na net e quando estava prestes a publicar perdi tudo o que tinha escrito. Portanto agora cá vai a minha opinião sobre o assunto, um post mais "normal" e menos a soar a manifestação LGBT.

Eu, Sexta-Feira passada
Muita gente faz baralha-se com o conceito de coadoção, portanto vou exemplificar o que acontecia se a lei da coadoção não tivesse sido chumbada:

Exemplo 1:
Imaginemos um casal de senhoras, casadas, tudo direitinho. Uma delas já tem um filho, de uma relação anterior com um homem, que mantém ma relação distante/ausente com a criança. Para a criança, é como se tivesse duas mães. Essa senhora morre num acidente de viação. O que aconteceria? A guarda da criança iria para o pai/avós/outro familiar. Direitos da esposa da falecida sobre a criança? Nenhuns. A não ser que o responsável da criança o permitisse, podiam até nunca mais se ver. 

Exemplo 2:
Imaginemos um casal de duas senhoras, casadas, tudo direitinho. Querem muito ter um filho, mas não podem adotar porque adoção em Portugal é ilegal para homossexuais. Vão então a Espanha e fazem inseminação artificial. A criança, legalmente falando, é apenas filha da que fez a inseminação, mas na prática, para a criança, as duas são as suas mamãs. Nisto a mãe legal morre num acidente de aviação. O que aconteceria? Com a lei da coadoção, a criança ficaria com a sua outra mãe. 

por acaso dei exemplos com duas mulheres, mas podiam ser dois homens - em vez de inseminação artificial podia ser então uma adoção singular, por ex.. 

O seja, a lei só permitia a coadoção se o parceiro tivesse mais de 25 anos e o pai da criança tivesse morrido ou abdicado dos direitos legais sobre a criança (ou seja, se já não fose pai dela legalmente falando) Se a criança tivesse mais de 12 anos, teria ainda esta de dar o seu consentimento. 

Como vêm, era um direito que nem chegava a ser direito. Era um direitinho. Um micro-nano-direitinho. Muito específico, com condições muito específicas. Era um direito ridículo, mas era um direito.

E agora nem isso. Fim. 


A coisa irrita-me por várias razões: em primeiro lugar porque vai contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Eu não sei do cor os 30 artigos, mas nem é preciso ler muito porque está logo no 1º artigo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Também se tiverem paciência podem passar para o 2º artigo, que diz: "Todos os seres humanos podem evocar os direitos da presente Declaração, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra". Se tiverem mais paciência ainda, podem ir ao 7º artigo, que diz "Todos são iguais perante a lei". Só assim à primeira vista, o chumbo da coadoção está a violar três dos trinta artigos. Parabéns Portugal.


Em segundo lugar, porque me parece-me muito pouco ético (e só não digo anticonstitucional porque de facto não percebi ainda muito bem o que é constitucional ou não...) que se aprove uma coisa, não se goste do resultado, se diga "Ok, esta não valeu! Vamos fazer outra vez" e se altere o resultado. Isto parece-me terrivelmente errado. 


Outra coisa que me irrita são os argumentos utilizados. Adoro. Principalmente o da criança traumatizada: "Uma criança precisa de modelos masculinos", "A criança vai ficar confusa", "A criança depois também vai ser homossexual" (cruz credo, deusnoslivredetalsorte! Ainda que seja melhor que ser drogado...) e outros do género. Um dia destes volto a pegar neste assunto outra vez, mas entretanto se se quiserem ir entretendo podem ir lendo isto, retirado diretamente do site da Ordem dos Psicólogos, gratuito e disponível para quem quiser ler argumentos com uma base científica. Experimentem. Vai ser uma novidade refrescante. 

Pobre criança traumatizada
Olha mais outra, coitadinha.
E por último, aquele me deixa fora de mim mas que também é mais pessoal, é quando me dizem "Então mais tu és lésbica? Se não és, o que te importa isto a ti afinal?!". Não querendo entrar em comparações infelizes, não é preciso ser maltratada para ser contra a violência doméstica, ou ser violada para ser contra o abuso sexual nem ser mutilada para ser contra a mutilação genital. Nisto, a Carla do blogue Kapput 2.0 já fez um post muito bom, em que disse tudo: "Quando se fala do direito dos homssexuais, estão a falar também dos meus direitos. Porque sou um ser humano, antes de um ser heterossexual, ou outro tipo sexual que possa caber numa gaveta".


Por isso, ainda não sei se guarde as foices e as tendas.
Ainda estou à procura de uma alternativa melhor.
Ideias?


Tipo... dahhh

11 de março de 2014

Primeiro beijo


Isto dever ser alguma coisa hormonal, só pode. Estou tão lamechas.

[Quase nunca se fala do primeiro beijo porquê?]

Sou tão menina.

10 de março de 2014

Beatriz e Virgílio - Yann Martel


Tenho lido muito! Muito mesmo :) Não por ter recebido muitos livros no Natal, ou por a Biblioteca ter ficado miraculosamente bem apetrechada de livros, mas porque como toda a gente que tem facebook deve saber, a Editoral Presença decidiu andar a dar livros à maluca e comprei seis livros pagando apenas os portes! 

Um dos livros que encomendei foi o Beatriz e Virgílio, de Yann Martel. O único motivo da minha escolha, sou sincera, foi ter sido escrita pelo autor da Vida de Pi, que como já referi aqui, destronou O Fio da Navalha


Não me desapontou nadinha. Li-o em três dias (ou melhor, três noites e duas viagens de comboio!) e ficou um dos meus livros preferidos. E o Yann Martel ganhou um lugarzinho no meu coração mesmo ao lado do Maugham... Ainda para mais é de Salamanca, que para mim é sempre uma cidade especial!
Não sei o que vos falar acerca do livro... é um livro sobre o Holocausto? Sim, é, de facto. É um livro sobre um escritor? Também. Mas principalmente, é um livro sobre culpa, o que, não sendo um tema simpático, é um tema que nos toca a todos. 


Reparei que afinal não vos quero contar nada acerca do livro, mas apenas dizer que gostei muito e pedir que o leiam! As minhas partes favoritas são a parte de pêra (se lerem lerem vão identificar esta parte facilmente) e a parte do fim, Jogos para Gustavo. Não devia dizer isto, mas se não tiverem interesse em ler o livro, vão à Fnac ou algo do género, peguem no livro e leiam a parte do fim, que são os Jogos para Gustavo. Para mim, é o que torna o livro brilhante.



NOTA: Quando fui procurar imagens para ilustrar este post, dei de caras com duras críticas sobre o livro, principalmente sobre a parte dos Jogos para Gustavo. Isto deixou-me curiosa por ouvir opiniões diferentes da minha. Por aí, alguém já leu? Adorava saber o que acharam!



7 de março de 2014

Numa aula ontem, sobre as placas de Rorschach


Toda a gente viu um morcego ou uma borboleta.


Eu vi um burro com asas.


6 de março de 2014

Quando envelhecer vou vestir púrpura



Estava na sala de espera da fisioterapia, a ler uma revista onde o Paulo Coelho fazia referencia a este poema. Poema que eu li há tanto tempo que já nem me lembro quando, mas que não sei porquê associo a momentos bons, a infância, e à minha irmã.

Quando envelhecer vou usar púrpura (de Jenny Joseph)

Quando envelhecer vou usar púrpura com
chapéu vermelho, que não combina
nem fica bem em mim

Vou gastar a pensão em uísque e luvas de verão
e sandálias de cetim - e dizer que não temos
dinheiro para a manteiga

Vou sentar na calçada quando me cansar e devorar
as ofertas do supermercado, tocar as campainhas
e passar a bengala nas grades das praças
e compensar toda a sobriedade da
minha juventude

Vou andar na chuva de chinelos, apanhar flores
no jardim dos outros e aprender a cuspir.

Vou usar camisas berrantes e engordar sem culpa
comer um quilo de salsichas de uma vez
ou só pão com pickles a semana inteira
e jcolecionar canetas e lápis e bolachas de cerveja em caixinhas.

Mas agora tenho de usar roupas que me deixam seco, pagar o aluguer,
não dizer palavrões na rua e ser um bom exemplo
para as crianças

Tenho de ler o jornal
e convidar amigos para jantar

Mas quem sabe eu devia começar já?
Assim os outros não vão ficar chocados demais
quando de repente eu ficar velha
e começar a vestir púrpura.

5 de março de 2014

Conversa com a menina da caixa

(sobre nascerem mais meninos que meninas)

Ela:"Quando o meu filho nasceu, era o único menino na enfermaria!"
Eu: "Isso vai ser bom para ele quando for mais velho! A não ser, claro, que seja gay..."
Ela: "Ai credo, nem me diga isso!... Quer dizer, também há coisas piores... antes gay que drogado!"


14 de fevereiro de 2014

Dia dos namorados

Não devia, mas vou só acabar de escrever isto e passar dois filmes para uma pen e vou num instante fazer um bolo de chocolate, enfiar-me no sofá com os meus dois gatinhos e passar o resto da tarde a ronronar com eles, ver filmes, comer bolo, beber chá e tudo isto com uma mantinha de lã nos pés.

É demasiado estranho adorar estes meus dias de S. Valentim solitários?

10 de fevereiro de 2014

"Estima-se que os homens que beijam as suas esposas ao se despedir, antes de sair de casa, vivem cinco anos mais e ganham salários melhores que aqueles que apenas batem a porta. Têm ainda menos acidentes de trânsito".

Para quem achou alguns itens da minha lista muito exigentes (nomeadamente o 28!) e que gozou comigo à brava (excepção à minha amiga Maria!), fica aqui a minha defesa: estava a zelar apenas pela longevidade, riqueza e integridade física do meu futuro marido!

13 de janeiro de 2014

Amour


Em plena época de exames (ainda me faltam 3 exames - um dos quais amanhã - e uma revisão da literatura, oh yeah!) precisava de alguma coisa para me distrair e apetecia-me ver um dos filmes que já tenha na calha há algum tempo. Como quero ver filmes em francês (vou fazer um exame em setembro) a minha escolha caiu sobre Amour, de Michel Haneke. 


Normalmente, vejo filmes como quem come rebuçados: saboreia-se no momento, sabe bem, e venha o próximo. Não é costume que os filmes me toquem de uma maneira especial ou sequer que fique a pensar neles. Não foi o que aconteceu com este filme. Queria um filme para me distrair e descontrair. Também não foi o que consegui, mas foi muito melhor!


O filme é sobre um casal de idosos - George e Anne - cuja esposa teve um problema no coração. Como a operação corre mal, fica paralisada do lado direito. Todo o filme mostra a evolução da doença e a dedicação constante do marido para com a esposa. 


O filme chama-se Amour. Amor, em português. E ao longo de todo o filme nunca se fala de amor. Nunca se vê um beijo ou um simples "gosto de ti". Mas ninguém duvida do amor entre aquele casal, palpável e profundamente enternecedor. O final deixou-me arrepiada, confusa e angustiada.


Muito bom mesmo. Contudo, tem alguns aspetos negativos: a lentidão nalgumas cenas é exasperante e, na maioria das vezes, na minha modesta opinião de quem não percebe nada de cinema nem tem pretensões disso (e este filme ganhou a Palme d'Or de Cannes), completamente desnecessária. Infelizmente, é característica comum no filmes que já vi que ganharam a Palma. Não sei se é padrão ou condição necessária do prémio, mas para mim é extremamente irritante, ou então demasiado para o meu espírito acelerado. 

Palme d'Or, a deixar irritados vários espetadores desde 1955
Quase fiquei arrependida de o ter visto, pois ficou-me mesmo a mexer na cabeça e não paro de pensar nele. Aconteceu o mesmo à minha mãe, e passámos parte da hora de almoço a falar sobre ele. Aquele filme retrata a vida, fez-me pensar na velhice em geral, na velhice de pessoas (queridas e menos queridas) com quem tive ou tenho contacto, na nossa própria velhice, nas características que devo procurar num futuro marido (mais coisas a juntar à lista...), no sentido da vida, na eutanásia, no que é, afinal, o amor e o casamento. Em demasiadas coisas para uma época de exames stressante, mas que teve a coisa boa de me fazer relativizar. 

E depois, é tão raro ver pessoas "a sério" no ecrã. E velhos. Normalmente, os filmes são sempre sobre gente nova e gira, ou então ridiculamente feia. Raramente se vê filmes com pessoas reais.
Também aparece por lá a Rita Blanco, o que para mim foi uma surpresa, e uma surpresa agradável!

Gosto muito desta senhora! :)

2 de janeiro de 2014

O Véu Pintado - filme e livro, assim, tudo de seguida para começar bem o ano!


Todos já sabem (aqui e aqui) que eu adoro o Maugham quase de paixão, quase como uma doença, ali a roçar a obsessão. Eu simplesmente venero o homem, ou melhor, o que ele escreve. Ou melhor ainda, o homem que ele deixa transparecer que era por detrás do que escrevia. Não sei se foi perceptível, mas cá fica a ideia. 

O meu amigo Hélder - que é sem dúvida o melhor amigo que alguém pode ter, pois ouve sempre o que eu digo e, mais espectacular de tudo, na grande maioria das vezes (quase que me arrisco a dizer "sempre", mas seria demasiada petulância) está de facto a prestar atenção - ofereceu-me no meu aniversário o livro O Véu Pintado do Maugham. Claro que o devorei rapidamente e claro que a minha parte favorita foi o prefácio. Na capa apareciam dois actores, portanto deduzi haver um filme do livro, e de facto assim era. Apressei-me a sacá-lo da net arranjá-lo de uma maneira completamente legal mas o raio do bicho não corria de maneira nenhuma. Felizmente, na feira de Oeiras onde costumo vender doces a minha irmã encontrou o DVD por 2 euros, mas como não tinha DVD, só o pude ver agora. Ontem, para ser mais precisa.

O que as duas coisas têm em comum - livro e filme - é que ambos me deixaram desapontada. Esperava mais do livro, esperava mais do filme. Outra coisa que eles também têm em comum é que são ambos muito bons ainda assim.


A história é sobre uma mulher (Kitty) casada à pressa com um bacteriologista destacado em Hong Kong (Walter), por medo de ficar solteira para sempre. Aborrecida num casamento com um homem com quem não tem nada em comum, toma como amante Charles Towsend, o secretário colonial adjunto. Quando o marido descobre, tem a atitude peculiar de viagem rumo a Mein Tan-Fu, onde está a dar-se a maior epidemia de cólera dos últimos anos sobre o pretexto de trabalho. Lá têm como único vizinho um homenzinho muito interessante chamado Waddington, que é a minha personagem preferida, e a Kitty vai-se dedicar a ajudar um grupo de freiras francesas que dirige o orfanato local. 

Olhem para eles, tão queridos! Parecem tão felizes, não parecem? Pois é, não são!

Gosto muito da história e ainda gosto mais da maneira como está contada. Adoro histórias trágicas e estranhas, mas escritas com aquele humor irónico que é característico do Maugham. Acho que é dos poucos livros que li em que nenhuma das personagens é, por assim dizer, boa pessoa (mas isso também é quase regra no Maugham). O filme, apesar de muito interessante, afasta-se por vezes bastante do livro, o que me irrita sempre nos filmes baseados em obras. Não gostei nada que tivessem alterado completamente a minha cena preferida no livro para uma cena sensaborona no filme (não vos vou dar mais pormenores, porque não quero estragar surpresas). Mas são coisas que acontecem!´

Veredicto: Leiam o livro, mas assegurem-se que tem o Prefácio! E depois, se estiverem interessados, vejam o filme.

 E aqui têm o trailer, para quem quiser ver (para não variar revela de mais o filme mas ainda assim está dentro dos meus limites do aceitável)