24 de março de 2014

Alfama, uma história do Fado


Estava numa aula aborrecida quando decidi ir à procura de espectáculos baratos para assistir no fim-de-semana. Foi assim que dei de caras na ticketline com Alfama, uma História de Fado. Era 10 euros, na Malaposta, sábado a noite, parecia-me bem! Fado ao vivo, bailarinas, fado antigo, fado moderno. Glup. Tenho sempre medo da "modernização" destas coisas, mas lá decidi ir e arrastar a minha mãe comigo (digam o que disserem, saídas sozinha não tem tanta piada!).

Fácil de amar confirma-se, mas difícil de encontrar também! Esta é uma piada privada entre eu, a minha irmã e uma amiga, com origem nos Santos Populares do ano passado...
Ia completamente sem expectativas e o início parecia que ia ser uma chachada, com a bailarina a abanar-se (ok, estou a ser injusta com a rapariga, que dançava bem) e fado em pano de fundo, ainda por cima à capela (as guitarras são para mim tão essenciais ao fado como, sei lá, o dia à noite, os figos às nozes, os anéis aos dedos...) mas a minha opinião mudou rapidamente quando vi que aquilo era só a parte introdutória e que, de facto, ia haver uma história por trás!

Aqui está uma das bailarinas. Costumam ser duas, mas ontem esteve só uma, a outra estava doente.
Foi um espéctaculo divertido, ligeiro, com muita variedade de fados (e com alguns dos meus fados preferidos) e boas vozes! Faltava ali era uma voz masculina, mas para mim, que prefiro quase sempre fados cantados por mulheres (talvez para depois ser mais fácil "adaptá-los" quando canto no duche eheh) não me importei muito. 

Não percebi porque ao início esta rapariga estava vestida com um vestido de inspiração chinesa... Felizmente, depois mudou de roupa e transformou-se na Gracinha!
Óptimo serão de sábado à noite. E para além de que sabe sempre bem sair com a mãe, durante a semana estamos muito pouco tempo juntas (que raio de vida é esta, moramos todos na mesma casa e vemos-nos tão pouco). Ela não gosta tanto de fado como eu, mas penso que não passou um frete.


E claro, também deu para conhecer alguns fados que não conhecia, como este Fado da Sina da Hermínia Silva. Fui pesquisar no youtube e encontrei-o interpretado por uma rapariga muito nova que não conhecia, a Mara Pedro, e fiquei fã! Cá vai então o Fado da Sina, pela Mara Pedro :) 


Mais outro a juntar-se ao meu reportório do duche... qualquer dia, os vizinhos mandam-me prender!

20 de março de 2014

... ainda sobre o mesmo assunto, nem de propósito

o que eu encontrei no facebook:


Chumbo da coadoção



Era para ter escrito este texto a semana passada, no próprio dia em que a coisa se deu e cheguei a escrever um texto irritadíssimo, a apelar à revolta, a foices, a tendas frente à assembleia da república, coisas assim. Mas depois o computador encravou, houve um problema na net e quando estava prestes a publicar perdi tudo o que tinha escrito. Portanto agora cá vai a minha opinião sobre o assunto, um post mais "normal" e menos a soar a manifestação LGBT.

Eu, Sexta-Feira passada
Muita gente faz baralha-se com o conceito de coadoção, portanto vou exemplificar o que acontecia se a lei da coadoção não tivesse sido chumbada:

Exemplo 1:
Imaginemos um casal de senhoras, casadas, tudo direitinho. Uma delas já tem um filho, de uma relação anterior com um homem, que mantém ma relação distante/ausente com a criança. Para a criança, é como se tivesse duas mães. Essa senhora morre num acidente de viação. O que aconteceria? A guarda da criança iria para o pai/avós/outro familiar. Direitos da esposa da falecida sobre a criança? Nenhuns. A não ser que o responsável da criança o permitisse, podiam até nunca mais se ver. 

Exemplo 2:
Imaginemos um casal de duas senhoras, casadas, tudo direitinho. Querem muito ter um filho, mas não podem adotar porque adoção em Portugal é ilegal para homossexuais. Vão então a Espanha e fazem inseminação artificial. A criança, legalmente falando, é apenas filha da que fez a inseminação, mas na prática, para a criança, as duas são as suas mamãs. Nisto a mãe legal morre num acidente de aviação. O que aconteceria? Com a lei da coadoção, a criança ficaria com a sua outra mãe. 

por acaso dei exemplos com duas mulheres, mas podiam ser dois homens - em vez de inseminação artificial podia ser então uma adoção singular, por ex.. 

O seja, a lei só permitia a coadoção se o parceiro tivesse mais de 25 anos e o pai da criança tivesse morrido ou abdicado dos direitos legais sobre a criança (ou seja, se já não fose pai dela legalmente falando) Se a criança tivesse mais de 12 anos, teria ainda esta de dar o seu consentimento. 

Como vêm, era um direito que nem chegava a ser direito. Era um direitinho. Um micro-nano-direitinho. Muito específico, com condições muito específicas. Era um direito ridículo, mas era um direito.

E agora nem isso. Fim. 


A coisa irrita-me por várias razões: em primeiro lugar porque vai contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Eu não sei do cor os 30 artigos, mas nem é preciso ler muito porque está logo no 1º artigo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Também se tiverem paciência podem passar para o 2º artigo, que diz: "Todos os seres humanos podem evocar os direitos da presente Declaração, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra". Se tiverem mais paciência ainda, podem ir ao 7º artigo, que diz "Todos são iguais perante a lei". Só assim à primeira vista, o chumbo da coadoção está a violar três dos trinta artigos. Parabéns Portugal.


Em segundo lugar, porque me parece-me muito pouco ético (e só não digo anticonstitucional porque de facto não percebi ainda muito bem o que é constitucional ou não...) que se aprove uma coisa, não se goste do resultado, se diga "Ok, esta não valeu! Vamos fazer outra vez" e se altere o resultado. Isto parece-me terrivelmente errado. 


Outra coisa que me irrita são os argumentos utilizados. Adoro. Principalmente o da criança traumatizada: "Uma criança precisa de modelos masculinos", "A criança vai ficar confusa", "A criança depois também vai ser homossexual" (cruz credo, deusnoslivredetalsorte! Ainda que seja melhor que ser drogado...) e outros do género. Um dia destes volto a pegar neste assunto outra vez, mas entretanto se se quiserem ir entretendo podem ir lendo isto, retirado diretamente do site da Ordem dos Psicólogos, gratuito e disponível para quem quiser ler argumentos com uma base científica. Experimentem. Vai ser uma novidade refrescante. 

Pobre criança traumatizada
Olha mais outra, coitadinha.
E por último, aquele me deixa fora de mim mas que também é mais pessoal, é quando me dizem "Então mais tu és lésbica? Se não és, o que te importa isto a ti afinal?!". Não querendo entrar em comparações infelizes, não é preciso ser maltratada para ser contra a violência doméstica, ou ser violada para ser contra o abuso sexual nem ser mutilada para ser contra a mutilação genital. Nisto, a Carla do blogue Kapput 2.0 já fez um post muito bom, em que disse tudo: "Quando se fala do direito dos homssexuais, estão a falar também dos meus direitos. Porque sou um ser humano, antes de um ser heterossexual, ou outro tipo sexual que possa caber numa gaveta".


Por isso, ainda não sei se guarde as foices e as tendas.
Ainda estou à procura de uma alternativa melhor.
Ideias?


Tipo... dahhh

11 de março de 2014

Primeiro beijo


Isto dever ser alguma coisa hormonal, só pode. Estou tão lamechas.

[Quase nunca se fala do primeiro beijo porquê?]

Sou tão menina.

10 de março de 2014

Beatriz e Virgílio - Yann Martel


Tenho lido muito! Muito mesmo :) Não por ter recebido muitos livros no Natal, ou por a Biblioteca ter ficado miraculosamente bem apetrechada de livros, mas porque como toda a gente que tem facebook deve saber, a Editoral Presença decidiu andar a dar livros à maluca e comprei seis livros pagando apenas os portes! 

Um dos livros que encomendei foi o Beatriz e Virgílio, de Yann Martel. O único motivo da minha escolha, sou sincera, foi ter sido escrita pelo autor da Vida de Pi, que como já referi aqui, destronou O Fio da Navalha


Não me desapontou nadinha. Li-o em três dias (ou melhor, três noites e duas viagens de comboio!) e ficou um dos meus livros preferidos. E o Yann Martel ganhou um lugarzinho no meu coração mesmo ao lado do Maugham... Ainda para mais é de Salamanca, que para mim é sempre uma cidade especial!
Não sei o que vos falar acerca do livro... é um livro sobre o Holocausto? Sim, é, de facto. É um livro sobre um escritor? Também. Mas principalmente, é um livro sobre culpa, o que, não sendo um tema simpático, é um tema que nos toca a todos. 


Reparei que afinal não vos quero contar nada acerca do livro, mas apenas dizer que gostei muito e pedir que o leiam! As minhas partes favoritas são a parte de pêra (se lerem lerem vão identificar esta parte facilmente) e a parte do fim, Jogos para Gustavo. Não devia dizer isto, mas se não tiverem interesse em ler o livro, vão à Fnac ou algo do género, peguem no livro e leiam a parte do fim, que são os Jogos para Gustavo. Para mim, é o que torna o livro brilhante.



NOTA: Quando fui procurar imagens para ilustrar este post, dei de caras com duras críticas sobre o livro, principalmente sobre a parte dos Jogos para Gustavo. Isto deixou-me curiosa por ouvir opiniões diferentes da minha. Por aí, alguém já leu? Adorava saber o que acharam!



7 de março de 2014

Numa aula ontem, sobre as placas de Rorschach


Toda a gente viu um morcego ou uma borboleta.


Eu vi um burro com asas.


6 de março de 2014

Quando envelhecer vou vestir púrpura



Estava na sala de espera da fisioterapia, a ler uma revista onde o Paulo Coelho fazia referencia a este poema. Poema que eu li há tanto tempo que já nem me lembro quando, mas que não sei porquê associo a momentos bons, a infância, e à minha irmã.

Quando envelhecer vou usar púrpura (de Jenny Joseph)

Quando envelhecer vou usar púrpura com
chapéu vermelho, que não combina
nem fica bem em mim

Vou gastar a pensão em uísque e luvas de verão
e sandálias de cetim - e dizer que não temos
dinheiro para a manteiga

Vou sentar na calçada quando me cansar e devorar
as ofertas do supermercado, tocar as campainhas
e passar a bengala nas grades das praças
e compensar toda a sobriedade da
minha juventude

Vou andar na chuva de chinelos, apanhar flores
no jardim dos outros e aprender a cuspir.

Vou usar camisas berrantes e engordar sem culpa
comer um quilo de salsichas de uma vez
ou só pão com pickles a semana inteira
e jcolecionar canetas e lápis e bolachas de cerveja em caixinhas.

Mas agora tenho de usar roupas que me deixam seco, pagar o aluguer,
não dizer palavrões na rua e ser um bom exemplo
para as crianças

Tenho de ler o jornal
e convidar amigos para jantar

Mas quem sabe eu devia começar já?
Assim os outros não vão ficar chocados demais
quando de repente eu ficar velha
e começar a vestir púrpura.

5 de março de 2014

Conversa com a menina da caixa

(sobre nascerem mais meninos que meninas)

Ela:"Quando o meu filho nasceu, era o único menino na enfermaria!"
Eu: "Isso vai ser bom para ele quando for mais velho! A não ser, claro, que seja gay..."
Ela: "Ai credo, nem me diga isso!... Quer dizer, também há coisas piores... antes gay que drogado!"