23 de março de 2011

Hummmm! Que cheirinho!



Todos nós temos um sentido mais apurado que se sobrepõe a todos os outros. No meu caso, a visão não é de certeza (fui hoje buscar os meus novos óculos... como tudo ficou nítido de repente!), o tacto não consigo avaliar, a audição nem pensar (- Ana... ANA! És surda?!... - Ah?!...O quê?!...), o paladar é um bom concorrente, mas nada ganha o olfacto!
Desde pequenina, quando subia as escadas da casa da minha avó à hora de almoço adivinhava sempre o que era o petisco, até chateava; as palavras "Puf! Cheira mal!" estava sempre na minha boca à mínima aragem fedorenta; não havia flor que eu não cheirasse.
Apesar de ser péssima a decorar caras, ao ponto de desconfiar que devo ter um bocadinho de agnosia (é pouco provável, pareço é aqueles estudantes de medicina que acham que têm as doenças todas. Psicologia não está imune...) sou óptima a decorar cheiros. Isto é esquisito e pouca gente sabe (agora acabei de o revelar ao mundo, mas há coisas piores...) mas às vezes sei que conheço a pessoa, não pela cara, que essa até pode não me dizer nada, mas porque o cheirinho dela é-me familiar. Um pouco canídeo, confesso.
Por essa razão, e apesar de adorar pessoas que cheirem bem (como escrevi uma vez num trabalho - e sim, tive boa nota, sabe Deus como...) não consigo arranjar perfumes para mim. Arranjei um, da Zara, tierna peonia, ou tendre peonia, já não sei se estava em espanhol ou francês, mas que devia ser edição limitada, nunca mais o vi à venda (já agora, se alguém souber diga-me, ou então faço anos no dia que toda a gente sabe, passo a vida a pedir prendas neste blogue).
Mas os senãos não param aqui. Como sou extraordináriamanete alta, o meu nariz chega ao sovaco do médio português, o que com os comboios a serem suprimidos a toda a hora não é lá muito agradável.
Mas tem coisas boas, muito reconfortantes. Ontem estava a subir as escadas para o comboio, quando senti um cheirinho mesmo daqueles "Hummmm!" - o cheirinho da terra molhada depois de uma chuvada de verão. Não podia ser, estava sol ainda antes de me enfiar no metro. Mas era mesmo chuva, e se tivesse parado por ali tinha gostado dela...
Para além da terra molhada, acho muitos cheirinhos reconfortantes:o cheiro do pão cozido num forno a lenha, o cheiro do chocolate, o cheiro dos bebés depois de tomarem banho, o cheiro a relva, o cheiro das mimosas quando me apanha de surpresa. E depois, o cheiro das pessoas de quem gosto: o cheiro a talco e a jasmin da minha bisavó, do perfume forte e dos cremes da minha avó, do sabonete da minha irmã, do cheiro do cheiro da minha mãe. E perfumes masculinos, adoro perfumes masculinos. Porque será que os das mulheres são todos florais e frutados? Por serem mais sensíveis e delicadas? E sabe tão bem passar por um homem que cheire bem. Às vezes os das mulheres até dão vontade de vomitar, de tão enjoativos, mas adiante que a conversa já se está a tornar esquisita e tenho de manter a minha reputação de pessoa (minimamente) mentalmente saudável.
O perfume de alguém é uma coisa que perdura para sempre, mesmo quando essa pessoa está longe ou nos deixa. Quando era pequena e morreu o meu avô, durante muito tempo ia à casa de banho cheirar o seu frasco do  perfume (ok, ainda faço isso às vezes), e já me aconteceu ser assolada por uma saudade repentina ao encontrar o casaco de alguém que está longe e sentir o seu perfume. Acontece a todos, não? Mesmo aos mais entupidos nasalmente...
Tenho de parar com conversas parvas e arranjar um perfume só para mim!

3 comentários:

  1. Descobri agora que tenho um sabonete! (Já agora...qual?) XD

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  2. ó parvalhona, o mesmo sabonete que eu uso (acho eu!) do banho. -.-' também me saíste cá uma chata... não é o sabonete só teu, mas em ti fica a cheirar ao TEU sabonete. Ranhosa! ^^

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