29 de março de 2012

Medidas correctivas: Conhecido pelo que ele fez de mal... ou pelo que ele fez de bem?

Eu às vezes fico um bocado pasmada quando ouço certas coisas na televisão. E não tem a ver com andar a estudar psicologia, porque isto são ideias que já foram cultivadas e cresceram no meu entendimento muito antes de ir para a faculdade.
Ora bem, este video vi-o no facebook de uma antiga professora e é sobre medidas correctivas. E a coisa estava a correr bem, estava a gostar de ouvir os miúdos e a reportagem e isso tudo: também eu acho que é um melhor "castigo" limpar a escola e fazer alguma coisa positiva por ela em vez de um miúdo ser suspenso e ir de férias para casa dois ou três dias. Dias em que, como a aluna diz na reportagem, iam estar a perder aulas. Tudo muito bem. Até que chega mais ou menos aos 3 minutos e o aluno diz também qualquer coisa como "E ele fica a ser reconhecido por uma coisa que ele não é". E o jornalista pergunta:
- "Que ele não é?!"
- Sim, reconhecer pelo mal e não pela... " - o miúdo ia dizer "pela positiva". Mas não chega a dizer, porque o jornalista o interrompe:
- "Ah, porque ele não fez nada de mal, a escola aplicou-lhe as medidas sem razão?!"
Não foi nada disso, Sr. Jornalista! Apetece-me dizer. O miúdo tenta explicar:
- "Não é isso... Fica apenas reconhecido pelas coisas más que ele já fez".
E o parvo do jornalista:
- "Ah, mas ele sempre fez alguma coisa de mal? Ou foi aplicado um castigo sem razão?".
É impressão minha ou o jornalista está a tentar pôr palavras na boca do miúdo? E este:
- "Não, mas quando o conhecemos não é por ele ser simpático, é por ele ter feito porcaria"
E o jornalista continua, no suprassumo na estupidez "estou baralhado, mas ele fez ou não fez porcaria?". E continuam por aí fora. O miúdo foi bastante bem educado, eu acho que tinha mandado o jornalista à fava.

O que o miúdo não soube explicar, mas eu acho que toda a gente percebeu (excepto o jornalista, que ou não percebeu e é mesmo parvo ou fingiu não perceber), foi o básico dos básicos: a escola está a castigar quem faz alguma coisa de mal, em vez de enaltecer quem faz coisas bem. Ou seja, se um miúdo fizer uma data de coisas bem, não lhe fazem nada, mas se fizer alguma asneira é castigado. O que o miúdo da entrevista quis dizer, pelo que eu percebi e acho que toda a gente percebeu (menos o jornalista!), é algo básico da educação: priveligiar a atribuição de recompensas ao invés de favorecer as punições.  
Este miúdo anda no 8º ano e não percebe nada de pedagogias. Mas já percebeu uma coisa que acho fundamental: na maioria das vezes (para não dizer sempre) é melhor elogiar que castigar. Não que seja contra os castigos, não me interpretem mal. Eu sou a favor essencialmente do equilíbrio; castigar quando "se faz porcaria" mas elogiar e premiar quando se faz alguma coisa de bem.

Ninguém duvida que o castigo foi merecido, Sr. Jornalista. Quem está nestas coisas de entrevistar pessoas deve ter em atenção o que  é dito, e não o que o entrevistador quer que se diga.

Isto causou-me azia, muito sinceramente.



1 comentário:

  1. Adorei a introspeção, realmente aqueles que se esforçam, passam quase sempre despercebidos (quase como a "Sue", da série "no meio do nada"),enquanto que os que muitas vezes não querem saber da escola recebem muito mais atenção (ou então precisam desesperadamente de atenção e para tal fazem birra e portam-se menos bem, quem sabe). Portanto, Ana, se a psicologia clínica falhar, acho que terias um bom futuro na educacional... hehe... Já o jornalista, acho que nem para o McDonalds tinha jeito, o mais provável seria confundir todos os pedidos que lhe fizessem... até nós, com a pouca experiência de entreivstadores que temos, provavelmente faríamos melhor! LOL

    Bisous!

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