17 de outubro de 2010

Transportes Públicos

Toda a gente nos prepara para a Faculdade. Ou pelo menos dá palpites. Desde a nossa mãe, passando pelos nossos avós e amigos, chegando até á mulher da peixaria, todos dão bitaites sobre a vida académica: Que a nossa vida vai mudar, que o que era bom acabou-se (o que prova que nunca andaram na Ferreira Dias, adiante!), que temos de estudar dia e noite sem parar, que os professores nos tratam mal, que somos só mais um no meio de muitos, que ninguém sabe o nosso nome, que vigora a lei da selva. Por enquanto, estou-me a divertir imenso e a gostar, já sei o nome de muita gente e muita gente sabe o meu nome, e até agora todos me trataram bem sem excepção. Enfim, a minha vida mudou, é verdade, mas para bem melhor.
Para o que ninguém me preparou foi para os transporte públicos.
E vá lá, vá lá, que só demoro 45 minutos para cada lado, porque senão seria bem pior. Logo de manhãzinha, começa com as filas para o comboio, e ai de quem não se meta nelas, é comido vivo! De seguida, é a correria para apanhar lugares sentados, senão vou de pé, carregada com tralha, sempre, porque eu não sei andar de outra maneira. Chegada á estação, é correr para o metro, com pessoas que ocupam o degrau inteiro na escada rolante, em vez de se chegarem para a direita, santo deus, eu é que não estava habituada a transportes públicos e pareço ser a única que percebe que quem tem pressa não tem asas para voar por cima das pessoas que vão apenas passear para lisboa. À vinda para cá, não obstante vir sempre a correr (já descobri a utilidade das aulas de e. física, só ainda não foi necessário o salto à barra!), começa a oração do dia, ou seja, quando começo a rezar para que os homens dos bilhetes não estejam a entupir as escadas rolantes. Antigamente, era só quando os passageiros estavam sentadinhos no comboio é que vinha o "Pica", mas isso deve dar muito trabalho e é preferível estarem plantados nas escadas rolantes a fazer-nos perder o comboio. Quando isso não acontece e eu finalmente entro no comboio, despenteada e a transpirar, começam as pessoas a impedir as portas de fechar enquanto falam ao telemóvel "Despacha-te! Estou a agarrar-te a porta!". Enfim...
Mas não me interpretem mal: é sempre melhor andar de comboio de que de carro: sempre podemos dormir, ler, conversar ou simplesmente ver as pessoas que, coitadas, também, estão a começar o dia!

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