9 de fevereiro de 2011

S. Valentim e paneleirices que tais

Chegou a altura do ano em que tudo à nossa volta se resume a coraçõezinhos e ursos de peluche. Muita gente o odeia, muita gente o adora, muita gente finge que o odeia mas no fundo é só inveja, a verdade é que estamos aí à beira de mais um S. Valentim, ou Dia dos Namorados, se preferirem.
Eu gosto do S. Valentim. A população visível anda feliz (os que não se vêm estão em casa a empanturrar-se de chocolates em forma de coração enquanto vêem o Titanic ou o Amor Acontece para afogar as mágoas - no Hugh Grant ou no Leonardo Di Caprio, ou na Kate e na Lúcia Moniz - o chocolate é apenas um acompanhamento) de mão dada com a cara metade, aos beijinhos, tudo muito mel. Enfim.
Gosto muito da ideia de um dia dedicado aos casalinhos, mais não seja para que os que têm namorado e que já se tenham esquecido se lembrarem novamente. O que eu não gosto é do que vem "agarrado" à ideia. O pobre do S. Valentim nunca imaginou, que no dia dedicado à sua pessoa, por se ter lembrado de casar os soldados mesmo sendo proibido (ah, grande Valentim!) se venderiam por toda a parte, a preços variáveis, ursinhos em cima de almofadas que dizem "I Love You" quando se lhe apertam as barrigas, rosas de plástico que cantam o "You're my Sunshine" (e eu até gosto da música, mas cantado por uma rosa, enfim...), postais com mensagens de fazer vomitar e, a sério, o pior de tudo, digno de um filme de terror: mensagens de telemóvel pré-fabricadas! Daquelas que dizem paneleirices como "O amor é uma palavra que diz muito, mas nem metade do que eu sinto por você", ou então trocadilhos como "Você me faz feliz mesmo quando a vida me faz triste", e ainda trava-línguas em que a gente se perde a meio, como "A seu lado descobri que entre o sonho e a realidade existe um espaço chamado felicidade, e para que a minha felicidade se torne realidade, preciso de estar a seu lado". E isto tudo em você, que nisto de amor não se pode dar confianças. Por favor. Isto é romantismo? Julgo que não há ser neste mundo menos romântico do que eu, mas até eu escreveria uma coisa melhor.
Para quê tanto cliché num dia tão bonito? (Pelo menos, a ideia por detrás do dia é bonita). Porque não pegar-se só na pessoa que nos atura por gosto e sem resmungar e levá-la a ver o mar, por exemplo? Ou a jantar fora? Ou dizer-lhe que é especial porque sim, sem frases complicadas e pegajosas pelo meio. Tantos rodeios para se dizer que se gosta de alguém. Quem gosta de nós gosta de nós e pronto, não é preciso urso nenhum para demonstrar isso. E muito menos a cantar músicas do Marco Paulo (ainda não inventaram, acho eu, mas está para breve).
Se quiserem dar uma prendinha, para além dos tradicionais chocolates que nunca desiludem, a sugestão aqui do chá-de-verão são meias. Meias quentinhas. E se quiserem, uma mensagem que diga que são meias de compensação, para quando os nossos pés não puderem aquecer os da cara metade.

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