27 de abril de 2013

Livro 2 - Anouska tem um medo que se pela por cavalos

Não sei precisar quando começou. Eu sei que é impossível alguém nascer com medo de cavalos, mas sinceramente, acho que é o meu caso! Os burros não entram nesta equação: os burros são fofinhos, eu meto-me em cima deles sem problemas e uma das melhores recordações que tenho da minha infância é pegar a boleia de todas as carroças que via passar na terra do meu avô. Os burros não contam.


Quando era bem, bem pequena - tipo, 3, 4 anos, não mais - tinha os mesmos dois pesadelos recorrentes: eu numa quinta a cair de um cavalo e eu, gelada de medo, no alto de um balão de ar quente. Agora não me perguntem donde isto vem: nunca me meti em cima de um cavalo (e sinceramente, não me vejo a meter) e muito menos andei num balão de ar quente. A embirrância com os balões de ar quente passou por completo (hoje até gostaria de uma viagem num balão bem colorido) mas o medo dos cavalos ficou.
A coisa não é muito doentia: raramente sonho com cavalos e não tenho nenhum ataque de pânico quando vejo os cavalos da GNR. Mas também evito passar por eles (ok, na realidade fujo deles) e só o fato de pensar em me pôr em cima de um deixa-me as palmas das mãos cobertas de transpiração.
Uma vez, tinha eu 7 ou 8 anos, uma filha de uma amiga da minha mãe, que andava na equitação, foi sei lá para onde numa feira qualquer dos cavalos (perguntei agora à minha mãe e ela disse que foi a Feira do Cavalo em Alenquer) onde era cavalos por todo o lado, coisas sobre cavalos, eu sei lá. Se existir Inferno, o meu é uma réplica da Feira do Cavalo de Alenquer: passei o dia agarrada às pernas da minha mãe, a tremer e a chorar, quando tinha tempo (se já experimentaram o pânico, sabem que o susto não nos deixa muito espaço para choraminguices).  
Outra odisseia eram os póneis da Feira Popular: era eu que insistia em pôr-me lá em cima, mas a coisa corria sempre mal e tenho a ideia que acabava por sair antes do tempo.
Também na escola primária fizemos um intercâmbio com uma turma francesa, em que quase todas as meninas faziam equitação. Eu escolhi a Joanne, a única que fazia natação.
Uma vez calhou em conversa com um amigo que faz terapias alternativas este medo estúpido e infundamentado dos cavalos, e ele falou-me do não sei o quê das vidas passadas e de umas coisas que podíamos trabalhar. Não acredito em vidas passadas, portanto ficou tudo em águas de bacalhau. Também outra amiga, cujos pais têm uma quinta com cavalos (e a 10 min de carro da minha casa) também me disse que posso ir lá quando quiser para ir-me ambientando com os cavalinhos. Apesar de ter vontade, a verdade é que tenho medo. A única vez que lá entrei foi para ir ao café.
A verdade é que é um medo que nem chega a ser fobia, que não me chateia muito (fora os cavalos da GNR, não se vêm cavalos a passear por Lisboa). Tenho de experimentar andar de coche. Acho que faria uma exceção, engoliria o medo e realizaria um dos meus sonhos.

Tenho de me despachar.

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